Hospital da Cidade

O hospital só pode ser 'visitado' caso eu dêe permissão.

Estacionei o carro, tirei a Gabby de lá e pedi ajuda a um senhor que estava a sair do hospital com uma mulher com um ar bastante doente.
Ele carregou a Gabby pela porta das urgências e foi chamar um médico enquanto eu estava sentada numa cadeira de plástico agarrada a ela.
Três pessoas com umas batas verdes de plástico vieram busca-la e fizeram-me uma série de perguntas, e eu não soube responder a umas quantas.
Quando a levaram o homem ficou um bocado ao pé de mim a perguntar-me se estava bem e depois deixou-me sozinha a olhar para onde tinham levado a Gabby.
Só devem ter passado uns cinco minutos, mas pareceu uma eternidade quando me sentei.
A minha barriga estava apertada e tinha o coração a bater muito depressa.
Onde é que andava o Louis?

Cheguei rapidamente ao hospital. Quando entrei, avistei logo a Ruby na sala de espera. Corri até ela.
- Onde está ela? Como é que ela está? O que lhe aconteceu? Ela está bem? Para onde a levaram? - estava super preocupado, era a mina priminha.

Quando vi o Louis a entrar pela porta do hospital, levantei-me e abracei-me a ele. Enterrei a cara no peito dele.
Onde está ela? Como é que ela está? O que lhe aconteceu? Ela está bem? Para onde a levaram?
Os nervos e a preocupação eram tão grandes que começei a chorar.
- Não sei. E-ela veio ter comigo ao jardim. Tinha o braço com sangue e depois desmaiou. A Directora deu-me autorização para vir para aqui com ela. Os médicos levaram-na há uns dez minutos. Como não sou família, eles não me querem dizer nada...

Ela começou a chorar e abraçou-me. Eu retribui. Ela estava tão preocupada quanto eu.
- Está bem, obrigada por teres trazido a minha prima, obrigada. Vou falar com os médicos. - disse eu dirigindo-me a um médico que ia ali a passar.
- Desculpe doutor ...
- Diga. - disse ele.
- Doutor, não sei se sabe da rapariga que entrou mesmo à pouquinho tempo, a Gabriella!?
- Sei sim, sou eu que estou a tratar dela, porquê?
- Eu sou primo dela. Eu e ela estamos no Broomfield College aqui na California, não sei se conhece ... Pelo que eu sei, ela desmaiou à frente ali da minha amiga, que está ali, foi ela que trouxe a minha prima par aqui. - disse eu, apontando para a Ruby.
- Mas os pais dela, seus tios não estão cá?
- Não, doutor. Eu e ela estamos cá sozinhos e como maior de idade, eu estou responsável por ela. Não sei se conhece o senhor William Peter Manson? Daqui a pouco eu vou telefonar à mãe dela e aviso de tudo o que se passou. Ali a minha amiga Ruby - apontei de novo, para ela. - ela disse que vocês precisavam de ajuda com os dados pessoais dela. Eu posso ajudar com isso.
- Conheço, claro que conheço, ele é super conhecido. E, sim, pode e deve ajudar com os dados pessoais.
- Ainda bem, ele é o pai dela, meu tio. Então vamos a isso.
- A serio? Então, sendo assim, preenche os dados dela depois. Venha mas é comigo ver a sua prima, ela está num estado muito grave. Está em estado de coma.
- O QUÊ? Ai, posso levar a Ruby? Ela é a melhor amiga da minha prima! - perguntei, apavorado.
- Claro, vá chamá-la.
Corri até à Ruby.
- Anda Ruby, vamos lá dentro ver a Gabs, ela está em estado de coma. - disse.

O Louis veio a correr na minha direcção.
- Anda Ruby, vamos lá dentro ver a Gabs, ela está em estado de coma.
Quando ele disse aquilo caiu-me tudo aos pés.
Coma? Coma?! COMA?!?!?!?!
Agarrei-me ao braço do Louis porque tinha a certeza que era a próxima a desmaiar.
- Ó meu Deus...

- Tem calma ela vai ficar bem. - disse, para a acalmar.
Entrámos dentro do quarto onde estava a Gabriella e não podia acreditar. Corri até à cama dela e dei-lhe a mão. A Ruby fez o mesmo, e desatou a chorar.

Tentei acalmar-me, mas ver a Gabby ali deitada era como ver o meu irmão na cama do hospital de Miami.
Era como se a história se tivesse repetido mas a personagem principal era diferente.
O que lhe vai acontecer agora?
Não parei de olhar para a Gabby enquanto fazia a pergunta ao Louis. Estava a começar a acalmar-me, a esconder as minha emoções, olhar para ele e ver o estado em que ele estava, só ia fazer-me ir abaixo de novo.

- Vai acontecer, que ela vai acordar em breve e vai ficar muito contente por estarmos aqui com ela. - sorri para acalmar mais a Ruby.
O médico que chegou ao quarto de repente veio falar comigo.
- Menino, como é que você se chama?
- Chamo-me Louis. Como está a minha prima? - perguntei preocupado.
- Está num estado grave. Não sei o que lhe aconteceu, mas pelo que me parece ela cortou-se e ao cortar-se, cortou as veias também, por isso é que ela está assim. Afinal o que lhe deu para fazer isto?
- Não faço a mínima ideia, ela comigo tem andado muito bem disposta. Pergunte ali à Ruby, ela é que a viu desmaiar.
O médico foi até à Ruby.
- Desculpe menina, preciso de umas informações sobre a Gabriella. - disse-lhe o médico.

Levantei os olhos da Gabby. Antes de olhar para o médico engoli em seco.
- Eu não sei o que aconteceu... Ela veio ter comigo estava devastada. Quando vi o braço cheio de sangue perguntei-lhe o que tinha acontecido e ela desmaiou. Doutor, quanto tempo é que ela pode ficar assim?
Os olhos do homem encontraram os meus e senti um arrepio - Depende dela. Mas não tenham muitas esperanças... Em casos como os da menina Gabriella, pode durar semanas ou até mesmo meses... Mas como eu disse, tudo depende de como ela reage.
Voltei a olhar para ela e fiz-lhe festas na mão.
- Ela é forte. Vai ser rápido. - aproximei-me mais dela - Ouviste fofa? Rápido, porque eu não consigo estar muito tempo sem ti...

Ouvi a conversa entre a Ruby e o médico. Fiquei super preocupado, ainda mais do que estava antes.
Duas semanas? Ou até mesmo meses? Eu não ia aguentar tanto tempo sem ela.
- Bem, fiquem aqui o tempo que quiserem. Se o menino Louis quiser, pode preencher a ficha da menina Gabriella só amanhã, para estar hoje com a sua prima e dar-lhe força que ela bem precisa. Vou embora, se precisarem de alguma coisa é só chamarem. - disse ele, indo embora do quarto.
- Obrigada doutor. - olhei para a minha prima - Vais ficar boa, prima, prometo que vou tratar de ti.
Por um lado era bom ser da familia de um famoso como o meu tio, tinha prioridade em muitos sitios, como agora no hospital.
Olhei para a Ruby e lembrei-me ...
- Ruby, tens o número do Thomas? Ele tem de saber da situação da Gabs.

Acenei com a cabeça. Não me apetecia fazer nada: falar, andar, comer, dormir. Absolutamente nada.
Fui sentar-me mesmo no cantinho do sofá amarelo garrido que havia no quarto da Gabby e tirei o telemóvel do bolso para mandar uma mensagem aos Thomas.
Depois puxei as pernas para cima e fiquei a agarra-las com o queixo nos joelhos, enquanto olhava para a Gabby deitada na cama como se estivesse a dormir.

A Ruby sentou-se num sofá que havia no quarto. Pegou no telemóvel, de certeza, para mandar a mensagem ao Tom. Sentei-me ao seu lado e abracei-a.
- Tem calma, Ruby. Ela é forte, ela vai ficar bem. - disse eu, dando-lhe "festinhas" no cabelo, para a acalmar.

Cheguei-me para perto dele e pousei a cabeça na curva do pescoço dele enquando recebia festas no cabelo.
- Espero que sim...- sorri - Vocês são muito próximos não são?

- Vais ver que sim. - brinquei com o cabelo dela - Se somos! Nós adoramos-nos, segundo ela, eu agora faço o papel do irmão dela, que já não o vê à 3 anos. E ela para mim, é tudo. Eu amo-a mesmo!

Recebi uma mensagem de Ruby, dizendo que Gaby estava no hospital, em coma. Estava no quarto, vesti-me num ápice e peguei na fotografia que devia a Ruby. Dirigi-me rapidamente para o hospital da cidade.
- Hey, o que é que se passou? - disse mal avistei Ruby e Louis. Entreguei a foto a Ruby, foto essa em que figuravam as duas amigas muito sorridentes. Ao ver a imagem Ruby começou a chorar mais compulsivamente.

O Tom apareceu à minha frente com um ar muito preocupado.
Depois de me dar a foto e de nos ver às duas as minhas barreiras emocionais cairam.
- Ela apareceu ao pé de mim a sangrar e depois desmaiou. Os médicos dizem que é grave e ela pode ficar em coma durante semanas ou meses...

Fiquei especado sem conseguir entender bem a informação.
- Mas... Como é que ela ficou em coma? Não se fica em coma assim do nada! - perguntei, perplexo.

Decidi responder ao Tom.
- Ela ... Ela ... ela cortou-se Tom. E ao cortar-se, cortou também as veias. É por isso que está em coma. Por acaso sabes de alguma coisa que se tenha passado com ela? - perguntei. Como a Gabs tem andado muito com o Tom ...

Ele fez um ar chocado.
A sério? Não, ela estava bem comigo...
Foi até ela e fez-lhe festas na testa. O telemóvel começou a tocar. Desculpem, mas tenho mesmo de atender isto...
Ele saiu do quarto e fechou a porta o que abafou todo o barulho do corredor.
Ele está preocupado com ela.
Acenei com a cabeça ao Louis - Ainda não percebi o que se passa com aqueles dois... Ri-me. Levantei a cabeça do ombro dele. Ele estava a olhar para mim e nós estávamos muito próximos. Sentia a respiração dele nas minhas bocheichas.
O que é que estás a fazer Ruby Cat Pierce? Tens a tua melhor amiga em coma e estás assim com o primo dela?

Ficámos mesmo muito próximos, e eu aproximava-me ainda mais até que ... Um momento vibratório interrompeu o nosso momento. Era o meu telemóvel. A minha tia, mãe da Gabs estava a ligar-me.
- Desculpa princesa, tenho mesmo de atender. É a mãe da Gabs ... - disse-lhe.

- Desculpa princesa, tenho mesmo de atender. É a mãe da Gabs ...
Afastei-me dele. Ajeitei o cabelo atrás da orelha e tossi em seco.
- Claro.
Ele tinha-me chamado pricesa? Isso não interessa Ruby! Ele é primo da tua melhor amiga que está em coma! Comporta-te!
Ele sorriu para mim e atendeu a chamada.

Sorri para ela e atendi.
- Olá tia. Olá Louis. Sabes da Gabby? Ela tem o telemóvel desligado e eu liguei-lhe. Pois, sobre a Gabriella não tenho boas noticias tia. Porquê? O que se passa? O que ela tem? Tenha calma. Se está em pé, sente-se por favor, tia. Estou sentada. Diz-me Louis, o que se passa? Ok, vou ao assunto ... A Gabriella está no hospital, em coma. O QUÊ? Porquê? O que é que ela tem? Tenha calma. Ela está um pouco grave. Ela cortou as veias ... O QUÊ? Vou para aí amanhã. Trata da Gabriella enquanto eu não chego. 'Ta bom tia, beijinhos. Obrugado Louis.
Ela desligou a chamada. Fiquei triste. Baixei a cabeça e sentei-me ao lado da Ruby outra vez. Uma lágrima caiu-me do olho.

Entrei de novo no quarto, depois de ter falado com o meu pai. Dirigi-me a Louis e a Ruby.
- Hey, pessoal, desculpem, eu vou ter de ir... Eu amanhã passo por aqui outra vez. - despedi-me deles e segui para o carro.
A Gaby tinha cortado os pulsos, mas porque raio? Eu sei que não sabia muito sobre ela, provavelmente tinha algum problema familiar, ou algo do género, mas cortar os pulsos? Soava um bocado extremos demais.

Bem, nada de te fazeres a ele não é o mesmo que ser amiga dele pois não?
Depois de desligar a chamada ele estava mais abatido.
Limpei-lhe uma lágrima que queria cair.
- Então? Vêm para cá certo?